segunda-feira, 20 de abril de 2015

APENAS O ESSENCIAL


Sem adereços desnecessários e com materiais em sua forma mais bruta, a casa do arquiteto Arthur Pugliese, em Mogi das Cruzes, é a prova de que é possível viver bem na simplicidade.

Projetar uma casa simples, limpa, sem excessos, não é trabalho dos mais fáceis. Não à toa o arquiteto Arthur Pugliese pensou em mais de uma dezena de possibilidades para sua casa, em Mogi das Cruzes, a 60 quilômetros de São Paulo. Em parceria com Frederico Zanelato, amigo da época da faculdade, Arthur, depois de muito rabiscar, chegou ao projeto definitivo: um único módulo de 170 m², que concentra o fundamental.
Uma casa ventilada, iluminada, voltada para a natureza e pronta para receber quem quiser chegar.
Do pórtico de concreto aparente, na entrada da casa, é possível ver por meio de uma abertura as árvores no quintal, nativas do terreno. No primeiro piso, ao nível da rua, fica a área íntima, com três suítes. Ao descer a escada de madeira de demolição, chega-se à ampla sala, que faz as vezes de sala de TV, estar e também de cozinha e escritório. “É tudo uma coisa só”, explica Arthur, e contínuo ao jardim, separado apenas por painéis de vidro.
O contato com a natureza foi uma das premissas para a execução do projeto. A outra era criar uma casa que, mesmo dentro de um condomínio, fosse reservada. “Nela, não existem cortinas e, mesmo assim, há privacidade. Não tenho contato com os vizinhos, só com as árvores”, diz.
Isso porque a residência, de fachada minimalista, não dispõe de janelas nas laterais. Na face voltada para a rua são apenas duas discretas aberturas, mas, no fundo, o vidro vai do piso do pavimento inferior até a laje do segundo andar. O único elemento que quebra a simetria é o cubo de concreto, onde está instalada a área de trabalho dos moradores. Deslocado do alinhamento, o volume serve ainda de varanda para a suíte do casal, que fica no andar de cima.


Idealizador da ONG Mestres da Obra, que implanta ateliês de arte dentro de canteiros de obra, Arthur se preocupou em fazer uma construção sustentável. As estruturas de concreto, do pórtico da entrada, da lareira e da área de trabalho, por exemplo, foram os últimos elementos a serem executados, pois utilizaram como molde madeira da construção. A simplicidade dos materiais de acabamento, como o piso de cimento queimado, que recobre totalmente a casa, do banheiro à sala, também contribuiu para que fosse gerado pouco resíduo.
O despojamento do projeto se apresenta até na cobertura escolhida, laje impermeabilizada. “Não precisei fazer telhado porque a sombra das árvores dá o conforto térmico que eu preciso e deixa a temperatura interna amena”, explica. A laje, inclusive, ganhará em breve uma nova utilidade, um pequeno depósito e, a partir dele, com estrutura de aço e vidro, um espaço para o ateliê de arte do morador, que, em casa, se sente ainda mais inspirado. “Quando estou aqui, fico em outra frequência, vivo em estado contemplativo, quase que meditando.”

Fonte: Casa e Jardim






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