sábado, 24 de janeiro de 2015

Caixa anuncia que vai subir juros do financiamento imobiliário


A Caixa Econômica Federal informou nesta quinta-feira (15) que vai subir as taxas de juros do financiamento imobiliário a partir do dia 19 deste mês. Pela manhã, o banco havia informado, por meio da assessoria de imprensa, que estudava a correção dos juros.
A alta valerá para os financiamentos tomados a partir do dia 19 de janeiro.




A Caixa informa que as taxas de juros dos financiamentos habitacionais contratados com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida e do FGTS não sofrerão qualquer correção em suas taxas de juros.
A partir do dia 19, serão corrigidas as taxas de juros das operações para financiamento de imóveis residenciais contratadas com recursos da poupança (SBPE). De acordo com a Caixa, a mudança vai afetar quem tem renda acima de R$ 5,4 mil, que não utiliza os financiamentos habitacionais contratados com recursos do FGTS. Atualmente, há uma série de condições para obter financiamento da casa própria com recursos do FGTS, entre elas estão renda de até R$ 5,4 mil e não possuir imóvel no mesmo nome nem no mesmo município.
A taxa de juros cobrada pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), que financia imóveis de até R$ 750 mil com recursos tanto do FGTS como da poupança, permanece em 9,15% para quem não é cliente do banco e sofre alteração para quem é cliente, incluindo servidores públicos (veja na tabela ao lado).
Já pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que financia imóveis com valor acima de R$ 750 mil, a taxa de juros anual passará de 9,2% para 11% para os não-clientes.
O dinheiro do FGTS usado no financiamento que não sofrerá aumento da taxa não é o do trabalhador que está tendo seu imóvel financiado, mas vem do montante global depositado no banco. Já os financiamentos que são feitos com recursos da poupança sofrerão aumento nas taxas de juros. Nesse caso, o dinheiro utilizado no financiamento também não vem da conta do trabalhador, mas das poupanças que fazem parte do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE).
A Caixa informou que a alteração se deve ao aumento da taxa básica de juros, que atualmente é de 11,75%.
Os juros da Caixa para habitação costumam ser os menores no mercado e servem como referência para os demais bancos.
A Caixa é líder no segmento de financiamento imobiliário, com participação de mercado próxima de 70%.
Taxa média cobrada por bancos está acima de 9%
A taxa média de juros para financiamento imobiliário cobradas pelos bancos privados e públicos no país estão acima 9%, segundo último relatório do Banco Central sobre operações de crédito.
Segundo o BC, a taxa média ficou em 9,23% ao ano, em novembro de 2014, ante taxa média de 8,84% registrada no mesmo mês de 2013.
As taxas médias informadas pelos bancos pode ser consultada na página do Banco Central.
Confira a seguir as taxas de juros pós-fixados cobradas pelos bancos em novembro:
Dentro do SFH, com taxas reguladas corrigidas pela TR (pós-fixada)
Banco do Brasil – 6,1% ao ano
Caixa Econômica Federal – 7,32% ao ano
Banco de Brasília – 7,89% ao ano
Citibank – 8,13% ao ano
Banco Banestes – 8,27% ano
HSBC – 8,7% ao ano
Bradesco – 8,71% ao ano
APE Popex – 8,81% ao ano
Banco do Estado do Rio Grande do Sul – 8,84% ao ano
Santander – 8,89% ao ano
Dentro do SFH, com taxas reguladas pré-fixadas
Caixa Econômica Federal – 11,48%
Banco do Brasil – 12,1%
Santander – 12,31%

Fonte: g1.globo





terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Cobertura contempla o sol da Bahia



Em meio ao corre-corre de qualquer grande cidade, luxo mesmo é ter espaço e tempo para poder usufruir da rotina movimentada.
Foi com essa filosofia em mente que o arquiteto David Bastos levou a deslumbrante paisagem da Baía de Todos-os-Santos, em Salvador, para dentro deste dúplex localizado na cobertura de um prédio de 28 andares, que ora se debruça sobre o mar, ora proporciona um panorama infinito da capital baiana.

A vista de tirar o fôlego em 360° é antídoto garantido contra o mau humor e instiga os moradores a energizarem-se diariamente com o visual das manhãs, ou a desacelerarem no pôr do sol.
O vidro é a grande estrela do projeto, iniciado quando o edifício ainda estava em construção. Foi esse timing que possibilitou transformar três paredes de alvenaria em verdadeiros cartões-postais – uma delas voltada para o mar e as outras duas para a urbe. Emolduradas pelo revestimento de nogueira que conecta todos os ambientes sociais, as paisagens ganharam status de obra de arte em setores onde impera uma decoração quase minimalista. “Os moradores gostam de áreas amplas, com poucos móveis”, conta David. Harmonização é palavra-chave nos 700 m² do imóvel, graças à presença marcante e constante do cenário externo. Tons neutros formam uma base clean que conecta as salas de estar e jantar, o home theater e um pequeno living. “Além da madeira, que aquece, o linho e o couro são outros importantes aliados e fazem contraponto ao piso de mármore branco”, afirma o arquiteto.


Para cada cômodo, David escolheu highlights que impressionam, sem ostentação. Na varanda incorporada ao estar fica a mesa da B&B Italia, um dos curingas do projeto. “Funciona tanto para o café da manhã como para reunir os amigos em torno de deliciosos petiscos”, diz ele. As esculturas de bronze, de Bruno Giorgi, e de madeira, de Frans Krajcberg, em companhia da tela de José Bechara, todas estrategicamente posicionadas, são marcos da seleção de importantes obras de arte. São para elas que corre o olhar nos breves momentos em que é possível distanciar a atenção do azul do Oceano Atlântico. Sobre a mesa de jantar de Jader Almeida paira um lustre de cristal da Baccarat. Um aparador de Etel Carmona completa o décor. Uma dica do arquiteto é o uso de película de redução de calor nos vidros que, de quebra, evita que o sol desbote os móveis.


Protegida por paredes espelhadas, uma escadaria dá acesso ao andar inferior, onde fica a ala privativa do apartamento, com as suítes do casal e dos dois filhos, além de escritório e sala íntima. A banheira que parece flutuar sobre o mar liga as duas salas individuais de banho dos proprietários e convida a um longo dolce far niente enquanto o sol desaparece na água. Por fim, um teleférico desce do prédio, entre as árvores, até um píer, já em mar aberto.“Dali, a família vai de barco em apenas 14 minutos até a ilha de Itaparica, bem em frente, e onde fica a casa de praia”, diz David. Não é preciso ser Jorge Ben Jor para saber que, também aqui, o espetáculo é abençoado por Deus e bonito por natureza.




sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Com dólar alto, brasileiros que compraram imóvel financiado nos EUA veem prestações dispararem


Moeda estacionada por um tempo incentivou compras, mas consumidores não provisionaram margem para cobrir oscilações.
O sonho de ter um imóvel no exterior acabou se tornando um pesadelo para dezenas de brasileiros que, nos últimos anos, aproveitando o dólar desvalorizado ante o real, decidiram investir nesse negócio.



Há cerca de três anos, o empresário paulista Jorge Maluf comprou um apartamento em Miami, nos Estados Unidos, por US$ 380 mil, com o dólar a R$ 1,80 e prazo de financiamento de 30 anos. Com a moeda americana em torno dos R$ 2,70 – na sexta-feira, encerrou a R$ 2,693 -, a prestação disparou.
- Essa é uma situação que assusta muito. A sorte é que tenho conta em um banco americano, para onde comecei a mandar dólares antes que a moeda explodisse. Mesmo assim, ficou muito maior a dívida em reais – disse Maluf.
Segundo a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), quando um bem é adquirido em outro país, o comprador está exposto à legislação do local de origem. Ela lembrou que, no Brasil, é proibido fazer negócios ou contratos em moeda estrangeira. O mesmo vale para a correção do valor devido.
- Antes de fazer uma operação envolvendo um risco tão elevado, é preciso consultar um especialista e procurar formas de se proteger – recomendou a economista do Idec.
Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, destacou que, como o dólar ficou estacionado por um bom tempo entre R$ 2,20 e R$ 2,30, muitas pessoas não acreditavam em mudanças bruscas. O erro, explicou, foi não provisionar uma margem para cobrir eventuais oscilações do câmbio.
É aí que entra o hedge, espécie de seguro que garante que, independentemente do que ocorra com o dólar na vigência do contrato, a moeda permanecerá no patamar negociado.
- Outra forma de proteção é quando o cliente tem conta em banco americano. Ele já compra os dólares, remete para a conta e paga a dívida usando o saldo que possui na instituição – completou Bergallo.
O gerente de câmbio da TOV contou ainda o caso de um cliente que comprou uma casa em Punta del Este, no Uruguai. Para evitar problemas futuros, pagou 20% do imóvel à vista e o restante, 60 dias após a escritura.
- Às vezes, alguém me pergunta: pago ou espero um pouco mais? O dólar vai subir ou cair? Não dá para responder, no caso específico do imóvel. O melhor é comparar os preços em dólar, ver se o valor do metro quadrado está de acordo com a realidade. Não dá para fazer a conta em reais – recomendou o especialista.
PROCURA CRESCEU 40% EM DOIS ANOS
Nos últimos dois anos, Bergallo afirmou ter atuado na venda de 1.100 imóveis, fazendo o envio dos recursos financeiros para fora do país. Segundo ele, o perfil do investidor é bem específico: normalmente, alguém que procura um imóvel entre US$ 300 mil e US$ 500 mil, pertence à classe média alta e que tem, no máximo, dois imóveis no Brasil. Já o público de altíssima renda não se intimida com a cotação. No total, a procura de brasileiros por imóveis nos EUA cresceu 40%.
Uma reserva em dólares nos EUA é a opção mais simples e eficiente de proteção, acredita Daniel Ickwoicz, sócio da Elite International, imobiliária americana especializada no público brasileiro. Outra opção é comprar um imóvel comercial, que gere renda em dólares.
- Temos visto ambos os casos – disse Ickwoicz.
Para Newton Marques, professor de Economia da Universidade de Brasília, é ingenuidade comprar bens em moeda estrangeira. A seu ver, a situação pode até piorar, com a mudança abrupta na política econômica da presidente Dilma Rousseff.
- Quando Dilma demonstra que vai aderir às forças de mercado e que fará o ajuste fiscal, é sinal de que o câmbio deve andar sozinho. Quem quiser se aventurar vai ter de correr riscos. Qualquer aplicação em moeda estrangeira é de risco. Funciona mais ou menos como a Bolsa – explicou Marques.
Com a crise de 2008, o valor dos imóveis nos EUA caiu até 70% em apenas seis meses. Na época, com a cotação do dólar mais próxima de R$ 2, muitos brasileiros viram a oportunidade de comprar e investir, especialmente, em Miami, Orlando e Nova York. Porém, a partir de 2011, os imóveis voltaram a se valorizar, com alta de 10,9%. Os juros do financiamento variam de 3,24% a 4,1% ao ano, com prazos de entre 15 e 30 anos, respectivamente.
Fonte: O Globo

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Agora é a hora de comprar imóvel




São Paulo - Aos 73 anos, o investidor americano Sam Zell, maior especialista mundial em comprar e vender imóveis, passa mais de 200 dias por ano longe de seu escritório em Chicago. Ele recebeu EXAME na suíte de um hotel paulistano na manhã de uma terça-feira, apenas 1 hora depois de ter chegado dos Estados Unidos e a poucos dias de embarcar de novo.
Recentemente, esteve em paí­ses que passam longe do radar de alguns dos principais investidores do mundo, como Líbia e Mongólia. Para Zell, essa curiosidade é essencial na hora de farejar boas oportunidades e, principalmente, para nadar contra a corrente. Ele é especialista em comprar empresas desprezadas pela concorrência e em pular fora na hora certa.
Em 2007, às vésperas da crise americana, fechou o maior negócio da história domercado imobiliário ao vender a empresa de imóveis comerciais Equity Office Properties por 39 bilhões de dólares. Foi assim também em seu maior investimento no Brasil, a construtora Gafisa — de onde saiu em 2012, meses antes de a empresa despencar na bolsa.
Agora sua maior aposta é a empresa de armazenagem Guarde Aqui, que atua num mercado ainda pouco relevante no país. Enquanto os grandes fundos olham o Brasil com desconfiança, ele diz que essa é a hora certa de novos investimentospor aqui.
EXAME - Dois anos atrás, o senhor disse a EXAME que o Brasil viveria anos difíceis pela frente. E agora?
Sam Zell - O Brasil de fato está passando por um período difícil. Mas eu acredito que as forças do país vão, afinal, prevalecer. O presidente Lula foi bem-sucedido porque combinou ações sociais com prudência econômica. A administração atual esqueceu a prudência. Isso fica claro com as políticas de nacionalização, como no setor de petróleo.
Em vez de usar tecnologias conhecidas em todo o mundo, o país preferiu construir as próprias. Isso é imprudente de qualquer perspectiva. Com a escolha do novo ministro da Fazenda, há chance de uma volta à racionalidade.
EXAME - Então o senhor está otimista com os próximos anos do Brasil?
Sam Zell - Sim. Vocês têm escala. São 200 milhões de pessoas. Isso cria oportunidades. Esta é uma sociedade muito “aspiracional”. Nossa motivação original para investir aqui era a crença de que o movimento das classes mais baixas para a classe média e para a classe alta seria muito positivo para o Brasil.
Claro que está muito mais difícil agora do que há cinco anos. Por outro lado, há cinco anos todos os meus concorrentes estavam aqui. Hoje, até onde eu sei, sou o único. Em nossa história, há uma correlação direta entre sucesso e grau de competição. Com competição intensa, é muito difícil fazer bons negócios.
EXAME - A pergunta que todo mundo faz por aqui: o preço dos imóveis cairá?
Sam Zell - Se tivesse de apostar, apostaria contra a queda de preços. No lado residencial pode ter havido um excesso de oferta em algumas regiões. Mas não houve excesso de oferta em escritórios, no varejo, em galpões.
É diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, onde tudo parou. Os bancos pararam. No Brasil, os bancos estão bem. E não acho que vocês tenham os instrumentos financeiros tóxicos que contribuíram para os problemas nos Estados Unidos.
EXAME - O senhor é conhecido por grandes investimentos. Mas hoje, no Brasil, tem investimentos pequenos na construtora paranaense Thá e na empresa de estocagem Guarde Aqui. Planeja grandes tacadas?
Sam Zell - Estamos prontos para fazer grandes ou pequenos investimentos de acordo com o tamanho das oportunidades. Não nos preocupamos com o tamanho do investimento, mas com o potencial de crescimento e com a possibilidade de fazer a diferença em determinado mercado.
A Guarde Aqui atende a classe média ascendente. Ela quer acumular coisas. E os apartamentos estão cada vez menores. Aqui já somos líderes de mercado, mas temos enormes oportunidades para crescer. Não vejo limites. No Grupo Thá, somos muito mais dependentes da saúde do mercado residencial.
EXAME - O Brasil ficou para trás na comparação com seus vizinhos?
Sam Zell - A Colômbia e o Peru são as estrelas do continente agora. Quando viemos ao Brasil pela primeira vez, jamais teríamos investido na Colômbia. Agora temos grandes investimentos por lá. Se tivesse de escolher um país favorito no mundo, atualmente, seria a Colômbia. O Peru está no nosso radar.
Provavelmente, o elefante na sala é a Argentina, que está uma bagunça total. Eles terão uma oportunidade com uma mudança de governo no ano que vem. A Argentina tem uma longa história de irresponsabilidade fiscal, que torna investir por lá muito desafiador.
EXAME - O senhor se preocupa com o ambiente político da região?
Sam Zell - Claro. Olhe para o real, que foi de 1,75 para 2,60. É uma desvalorização muito grande. E obviamente vai trazer dificuldades para o país, vai criar inflação. Decisões políticas impactam diretamente nossos investimentos.
EXAME - Política é o fator mais importante na hora de o senhor decidir investir ou não em determinados mercados?
Sam Zell - Começa com a política. Depois vem a economia. Mas, se a política não for razoável, a economia não importa. Aprendemos isso em países como a Venezuela. Outra questão importante é a demografia. No Japão e na maior parte da Europa, há menos pessoas em dezembro do que havia em janeiro.
Como um investidor, o que faço é tentar determinar onde a demanda está e ver como eu conseguirei suprir essa demanda. Se a população estiver encolhendo, a demanda também estará. Então, eu prefiro investir no Brasil ou na Índia, onde a população e a demanda vão crescer.
EXAME - Como o senhor estuda seus mercados potenciais?
Sam Zell - Eu leio o tempo todo. E também viajo muito. Há algum tempo, comecei a ler sobre a Mongólia. Li que a Gucci estava abrindo uma loja em Ulan Bator, capital do país. Achei aquilo maluco. Peguei um avião e fui até lá. Não havia nada lá para eu fazer, mas é tudo parte do processo de aprendizagem.
Você não pode ser um empreendedor de sucesso se não é um observador atento. Isso é fundamental para ver as coisas com simplicidade. Hoje, imóveis representam cerca de 30% de meus investimentos. Os outros 70% estão distribuídos em diversas áreas.
Mas isso não traz complexidade. Não investimos em alta tecnologia, por exemplo, porque não conhecemos. Mas investimos muito em áreas como energia e logística, em que podemos fazer diferença.
EXAME - Como diferenciar uma boa oportunidade de um negócio com risco excessivo?
Sam Zell - Minha análise começa não com quanto posso ganhar, mas com quanto posso perder no negócio. Dedico 80% da minha atenção a isso. Nos anos 90, por exemplo, fechei uma enorme compra na Califórnia. Nossa análise apontou que, se tudo desse errado, perderíamos 50 milhões de dólares. E de fato passamos por incêndios, terremotos e essas coisas que acontecem por lá. Perdemos justamente 50 milhões. Para mim, é um caso de sucesso.