quarta-feira, 17 de maio de 2017

O Caminho da Tesla Para se Tornar a Apple da Energia Solar


O empreendedor e filantropo Ellon Musk tem planos ambiciosos para a Tesla, empresa que ajudou a criar e da qual é o atual presidente e CEO. Fundada em 2003, a empresa inicialmente era focada na fabricação e comercialização de carros elétricos, época em que ainda carregava o nome de Tesla Motors.
A empresa foi um sucesso, como sabemos, tendo lançado o Tesla Roadster em 2008, o primeiro desportivo totalmente elétrico, além dos modelos S, X e 3, este último atualmente em produção e previsto para ter suas primeiras unidades entregues ainda este ano.
Nos últimos anos, entretanto, Musk começou a direcionar investimentos da sua empresa para outras tecnologias que mostravam que seus planos iam além dos carros elétricos.
Em 2012, por exemplo, a Tesla começou o desenvolvimento de baterias de íon-lítio para armazenamento de energia e, em 30 de abril de 2015, Musk apresentou ao mudo a Tesla Powerwall, a bateria residencial que funciona em conjunto com os sistemas fotovoltaicos para armazenar a energia que pode ser usada a noite ou em casos de queda da rede.
Já em junho de 2016, Musk anunciou o interesse da Tesla Motors pela compra da SolarCity, maior fabricante de painéis solares e instaladora de sistemas fotovoltaicos dos EUA. Após mais de um mês de negociação entre os acionistas das empresas, a venda foi acordada no valor de U$2,6 bilhões, com nova empresa passando a chamar apenas Tesla Inc.
Muito criticada na época, a negociação foi vista como prejudicial para a empresa de carros elétricos, a qual diziam que iria perder o foco de seus negócios justo no momento em que estes estavam em alta no mercado.
No entanto, poucos conseguiram enxergar os planos escondidos nesse movimento de Musk, os quais foram revelados pelo próprio empreendedor, através de um artigo publicado no blog da empresa, em 20 de julho de 2016, intitulado: “Plano Mestre, Parte Dois”.
Neste, Musk explica o seu objetivo de integrar, de forma simples, os telhados solares com as baterias de armazenamento e os carros elétricos, empoderando o indivíduo como o gerador e consumidor de sua própria energia elétrica e entregando tudo isso através de uma única empresa.
“Uma solicitação, uma instalação, um contato de serviço, um aplicativo de celular.”
De maneira geral, o que Musk pretende alcançar no mercado de energia com essa nova Tesla é muito parecido com o que a Apple fez no mercado de computadores e celulares e, para isso, a empresa vem reestruturando o seu modelo de negócio.

Muita Complicação

Qual é, hoje, o caminho que os consumidores que estão interessados em instalar um sistema solar fotovoltaico em suas casas ou empresas devem percorrer?
Ao fazer uma busca na internet, eles são apresentados a uma variedade de empresas e tecnologias diferentes, porém sem uma grande marca à qual eles possam recorrer.
Fora isso, existe o lado estético da instalação, visto que os painéis solares tradicionais, embora tragam enorme vantagem econômica, acabam por alterar o visual do maior bem que um consumidor tem, que é a sua casa.
De forma similar, há 16 anos atrás, os consumidores interessados em comprar um computador pessoal enfrentavam os mesmos problemas, pois se tratava de uma nova tecnologia, com benefícios incertos e produtos sem grandes diferenciais entre si.
Tudo isso mudou com a abertura das primeiras lojas da Apple, nas quais os consumidores podiam ir para relaxar e experimentar os produtos sem a pressão de vendedores.
Por oferecerem poucos produtos na época, as lojas foram desacreditadas por críticos de plantão, mas logo se tornaram o destino dos compradores, que passaram a ter prazer, e não mais aborrecimento, na compra de um computador ou celular.

Experiência educativa

As lojas da Tesla são uma ótima maneira de alcançar esse mesmo resultado, porém voltado ao mercado de energia. Com cerca de 100 lojas, somente nos EUA, nelas os consumidores podem tomar um expresso tranquilamente enquanto são apresentados, muitos pela primeira vez, aos veículos elétricos e seu funcionamento.
A experiência é mais focada na educação e os clientes podem, inclusive, fazer um test drive em um modelo SUV, que custa U$130 mil, sem ter que ouvir argumentos de venda exaustivos. O produto já fala por si só.
Para empresas de energia solar, atrair esse contato inicial por parte do consumidor é resultado de muito investimento em marketing, os quais nem sempre atraem o resultado desejado e acabam por encarecer o custo final do produto ao cliente.
De acordo com a Bloomberg New Energy Finance (BNEF), para cada dólar gasto em marketing pela SolarCity, apenas meio watt adicional de energia solar é instalado, colocando em perspectiva, a média de potência dos sistemas instalados nos EUA é de 5 mil watts.
Isso representa um gasto muito alto por algo que é ignorado pelo consumidor. De acordo com uma pesquisa da própria BNEF, 40% dos compradores de sistemas fotovoltaicos no país vieram de indicações de parentes e/ou amigos, e 28% procuraram a solução por eles mesmos.
Agora que a Tesla já solucionou a questão estética com o lançamento das suas telhas solares, agregar esse produto junto aos veículos elétricos em suas lojas pode ser a tacada genial que faltava para o setor, agregando o valor educacional com a experiência em primeira mão da tecnologia fotovoltaica.
Críticos alegam que essa sinergia entre as tecnologias não é atrativa, visto ser improvável que um consumidor irá entrar em uma loja para adquirir ambos produtos, porém o mesmo pode ser dito de uma loja Apple. O resultado almejado aqui é responder aquela primeira pergunta que vem à mente do consumidor interessado: por onde começo?
E é exatamente isso o que a nova SolarCity já está fazendo, tendo anunciado, no final de abril, o encerramento das suas vendas porta-a-porta como parte de seus planos de reduzir os gastos com propaganda e investir na venda de seus produtos dentro das lojas Tesla.

Chega à noite

A outra visão de longo prazo de Musk quando optou pela compra da SolarCity é a junção da produção e armazenamento da energia, como ele mesmo expôs em seu plano mestre, fato que poderá mudar a economia da solar em um futuro próximo.
Para isso, a nova empresa de energia solar poderá contar com as já renomadas baterias da Tesla, a Powerwall, que teve sua segunda versão apresentada junto ao lançamento das telhas da empresa.
As baterias ainda não estão consolidadas junto as vendas dos sistemas fotovoltaicos nos EUA, em parte devido ao seu alto custo e também devido a política de venda de energia existente nos EUA, o que acaba sendo mais vantajoso para os consumidores do país.
Musk, no entanto, não se acanha diante disso e garante que dentro de cinco anos, a junção dos sistemas com as baterias será mais barata do que a eletricidade vendida pelas distribuidoras.

No futuro, a maioria das residências contará com uma bateria para armazenar sua energia.
Para atingir essa queda dos preços de suas baterias, a Tesla tinha planos de começar a fabricação das células de íon-lítio em sua Gigafactory, localizada no estado americano de Nevada, o que foi concretizado em janeiro deste ano. Essas células serão usadas tanto para a fabricação da Powerwall 2 como para as baterias do Model 3.
A imensa fábrica está operando ainda em 30% de sua capacidade total, quando completamente operacional, a Gigafactory irá produzir mais capacidade de baterias de íon-lítio do que o mercado global inteiro faz em um ano.
O projeto megalomaníaco, feito em parceria com a Panasonic, deverá ter um custo total de U$5 bilhões e, quando finalizado, deverá suprir 35GWh de células por ano.
Essa produção em massa irá reduzir o preço das baterias de tal forma que a empresa, que agora comercializa os sistemas fotovoltaicos, poderá oferecê-las como parte integrante sem grande diferença no valor final.
Já a política de incentivo do setor que obriga, nos EUA, as distribuidoras a comprar a energia gerada pelos consumidores, parece cada vez mais incerta de continuar. Conforme a tecnologia foi avançando no país, muitos estados voltaram atrás nessa política, deixando os consumidores na mão com os seus sistemas. 
Além disso, com a eleição do novo presidente americano, Donald Trump, conhecido por não apoiar as tecnologias limpas, espera-se que muitos subsídios e incentivos do setor sejam descontinuados.
No entanto, em um futuro com baterias altamente eficientes e de preços acessíveis, instalar um sistema em conjunto com elas será vantajoso para os consumidores tanto na questão financeira, como na seguridade de suprimento de energia, sem a preocupação de quedas na rede elétrica.

 Possibilidade Futuras

Muito se especula sobre as possibilidades que podem surgir com a fusão entre a Tesla e a SolarCity. Com mudanças regulatórias previstas para o mercado americano, a empresa de Musk poderia se tornar, ela mesmo, uma espécie de companhia elétrica.
Na medida em que a empresa passará a comercializar os sistemas geradores de energia com as baterias de armazenamento, em um futuro próximo ela poderia criar uma rede entre esses consumidores, captando um pouco de energia de cada um e a revendendo para a rede elétrica em horas de pico de consumo, compartilhando os lucros com os consumidores participantes ou mesmo abatendo do valor da venda dos sistemas.
“Este é o serviço mais popular para armazenagem estacionária, pois paga tão bem”, disse a analista da BNEF, Julia Atwood. “E paga tão bem porque o provedor tem que responder incrivelmente rápido e preciso, o que é algo que as baterias fazem muito bem”.
Embora a junção entre as empresas seja um risco para ambas, a nova Tesla poderá, muito provavelmente, se tornar a primeira gigante da energia limpa, fazendo para a energia solar, baterias e carros elétricos o que a Apple fez para os computadores e celulares.
Fontes de Informação: Bloomberg Techonology – Fonte     Greentech Media – Fonte    Tecmundo – Fonte
Analista de Marketing
Redator e Tradutor


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