sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Compra na planta valoriza imóvel, mas requer série de cuidados; veja


Investir em um sonho que só existe em maquetes e projeções virtuais. Essa é a realidade da maioria dos compradores de imóveis. Hoje, apenas 6,6% do total de imóveis à venda em Salvador está pronto para morar. Outros 37,4% das unidades estão na planta e a maioria, 56%, ainda está em obras. As informações são da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi Bahia).

A compra na planta beneficia o bolso do comprador. De acordo com o economista especialista em educação financeira Reinaldo Domingos, quem compra o imóvel antes do início da construção paga entre 20% e 30% a menos do que o cliente que adquire o imóvel pronto. “Vale a pena, mas tem que tomar todos os cuidados”, alerta.

Domingos diz que é necessário fazer a  análise da situação econômica da família antes da compra. “O interessado tem que saber qual é seu padrão de vida e qual é o custo de vida na região que vai morar. Tem que ver qual o  preço do pão, do açougue, da gasolina. Pode ser tudo mais caro, até o IPTU”. Outro conselho é a certificação de que a construtora responsável pelo empreendimento é confiável. O cliente pode perguntar à construtora em qual cartório está o alvará da construção e conferir se a documentação  está encaminhada.   

Quem escolher financiar o imóvel também tem uma série de passos a percorrer. “A pessoa tem que saber se tem como arcar com a prestação do financiamento. Além disso, é importante lembrar que o imóvel vem no chão, não adianta se encantar e não ter dinheiro para os móveis”. Ele recomenda que o cliente tenha no mínimo 35% do valor da unidade para mobíliá-lo e pagar a escritura e as chaves. “Às vezes, a pessoa não estava prevenida para pagar uma prestação e acaba com duas”, diz.

Planejamento

A preferência pelas prestações faz com que a compra de imóveis na planta seja a mais comum entre os baianos, segundo o presidente da Ademi Bahia, Nilson Sarti. “O grande volume que temos de compra é na planta porque dá tempo de pagar parcelado”.

Diretor da incorporadora Fator Realty, Marco Chompanidis conta que a maioria das empresas já lança os projetos antes de iniciar as construções para permitir que os clientes parcelem com  tranquilidade.


“É uma forma de atender o anseio do mercado de ter uma forma mais cômoda de comprar. Assim, os clientes têm tempo de organizar a vida, projetar o futuro e contratar o decorador ou arquiteto. As parcelas em geral são menores e a pessoa tem mais flexibilidade no pagamento, podendo, em alguns casos, renegociar com a incorporadora se tiver problemas”, argumenta.

Chompanidis conta que de 800 imóveis residenciais e comerciais lançados pela Fator Realty no final de 2011 em Salvador, 480 já foram vendidos, o que representa 60% do total de unidades, que ainda estão em construção.

Movimento

E não é apenas em Salvador que os baianos estão comprando imóveis antes de ficar prontos. O diretor da NPAR, incorporadora carioca responsável pelo empreendimento Viver Bem Itaparica, Marcos Freire, afirma que todas as 98 casas da primeira  fase do projeto já foram vendidas e 20% dos 200 apartamentos da segunda etapa também já têm donos.

“Nossas unidades custam entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, então pega a base da pirâmide boa, um público reprimido para essa área. O cara que compra esse imóvel financia um pedaço grande da fatura”, explica Freire.

Segundo o diretor da incorporadora, 74% dos clientes do empreendimento têm renda familiar acima de R$ 4,5 mil. “É um pessoal que tem visão em comprar um imóvel com potencial de valorização ou que quer fazer um upgrade na vida. 27% do nosso público é o que está morando de aluguel e/ou saindo de casa e ganha até R$ 3 mil”, completa.

Sonho

Gerente de uma concessionária de veículos, Leonardo Ferreira comprou uma casa de R$ 140 mil com dois quartos no Viver Bem Itaparica. “A Ilha hoje é um polo de investimento. Além do projeto de viabilização da ponte, tem o lado cultural da Ilha e, claro, as praias. Meu principal objetivo realmente é o investimento, mas pode ser que eu utilize como casa de veraneio”, conta Ferreira.

Antes de comprar, ele  se certificou que a empresa é idônea e analisou o projeto do arquiteto. “Não é minha primeira experiência no ramo”.

Assim como Ferreira, a maioria das pessoas que compram imóveis na planta opta pela unidade com dois quartos, segundo o presidente do Conselho Regional de
Corretores de Imóveis (Creci Bahia), Samuel Prado.

“Os apartamentos com maior procura são os de dois quartos, porque atingem a várias classes. O quarto e sala também é bastante procurado, é um imóvel que nunca vai desvalorizar”.

Quanto à região, ele afirma que os bairros de Salvador mais procurados hoje pelos interessados no mercado imobiliário são  Horto, Itaigara e Armação. Ele lembra que bairros como Vitória, Graça, Ondina, Morro Ipiranga e Alto do Itaigara ainda são os mais valorizados, mas é difícil haver novas construções nesses locais.

Por: Renato Alban

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